“– Você deve pensar que gosto muito de vida social, mas não é inteiramente verdade. Eu só não consigo ficar sozinho. Não tenho o menor interesse pelo que as pessoas têm a dizer, mas não prescindo de companhia, a mais tola, a mais supérflua. Eu preciso de gente, preciso falar, falar e falo inconsistências, nada de real, sincero, falo sem parar, cortinas de palavras vãs, e o que sobra de tudo isso é apenas um vago sentimento de não estar só.
– (...)
– Sinto saudade do tempo em que a gente era amigo.
– Eu também. Tenho saudade das piadas idiotas, da vida de todos passada a limpo, daquela espécie de adolescência revivida do afeto que nos unia, da família que éramos. Quando nos separamos, eu perdi a família.
– Nós temos de ficar juntos. Nós, que apesar de todas as diferenças nos queremos tanto, por tudo o que vivemos, pela cumplicidade que muitas vezes não é verbal, mas que se expressa na nossa afetividade, na agressão, no carinho pela nossa juventude, nós não podemos romper, nos afastar.”
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