Carta para você

"Tenho pensado em você quando tudo se silencia, quando tudo deixa de exigir urgência, a pulsão diminui, e não sinto mais a dor, não como antes. Tenho amado você aos poucos, sem pressa, sem alarde, sem explosões, e isso tem me modificado de algum modo.

Meu amor, confesso, tem tempo certo, segue gestando-se pouco a pouco nesse coração sôfrego de lutas cotidianas. Meu amar necessita de elaboração para se construir certeza, requer estruturas sólidas, portos largos fixados em águas profundas, bases que me permitam fincar morada.
Eu te amo em mim e meu amor é delicado, por isso não o ofereço a ti. Sou egoísta, admito, quero me permitir amar sem interrupções, sem possíveis negações; quero a magia da alegria crescendo a cada instante dentro desse corpo num acontecer inexplicável.
Meu corpo te cabe por inteiro, meu corpo são poros abertos, sedentos, em busca de um complemento que só você é capaz de oferecer."

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