Andando pelas areias da praia, tinha a esperança de que o gesto me fosse devolvido, de que os passos ainda produzissem pegadas. Mas a areia haviam coberto tudo o que um dia havíamos sido. Nós dois soterrados em palavras cotidianas, de vida e de morte.Lembrei-me da exata medida em que nos encontrávamos ao perceber a perda de direção mediante o abismo de incertezas e negrumes grãos de areias – restos de tempo perdido em ampulheta naufragadas –: a cada instante mais vivos, a cada instante mais próximos da morte.O que dói não é a verdade, mas o nenhum preparo para perceber o que se dava sem a mínima percepção do possível e fatídico fim. O não despertar para o momento anterior ao momento presente, antes do acordar pra essa ausência que me cobre a pele e me despe os sentidos.
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